Algum tempo atrás, tinha uma mania gigantesca de se apegar a coisas que pudessem trazer lembranças de alguém. Seja qual fosse o objeto, se ele trouxesse alguma memória, mesmo que em uma escala muito pequena, queria manter por perto. As caixas com um tom quase amarelado pelo tempo se acumulavam dentro de seu guarda-roupa e onde mais houvesse espaço. Excesso de lembranças? Sim, e também de gente que foi embora. Que foi embora porque quis, que foi embora porque teve que ir, que foi embora porque achou um lugar melhor pra estar. Não queria mais falar sobre saudade. Não queria mais abrir caixas imensas e só ver coisas que não faziam mais sentido. Coisas que realmente foram importantes, ela aprendeu a guardar na memória, de modo que qualquer papel, foto, bilhete e carta se tornam absolutamente desnecessários. O que foi bom de verdade, não se esquece. A única ação que fazia agora para lembrar, era fechar os olhos. Lá, dentro de sua cabeça confusa e imprevisível, encontrava tudo o que precisava e que ninguém poderia levar embora. Saudade? Não sentia mais. Isso é coisa de quem se apega ao que é tangível. Agora os tempos são outros, meu caro.
quarta-feira, 16 de março de 2011
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