quarta-feira, 13 de outubro de 2010

mas o amor permaneceu. permaneceu em cada linha dos livros de romance que ela lia, em cada estrofe das canções de amor que ela escutava, em cada fibra das roupas que ela usava. permaneceu guardado no fundo de um coração morno e calmo, que não esperava ser uma célula revolucionária e estava muito feliz e confortável em permanecer exatamente do jeito que estava. ela continuava amando-o em seus sonhos, continuava contando seus segredos para ele em suas divagações, continuava sendo dele em suas noites de verão – mesmo que ele não soubesse. mesmo que ele não mais se importasse.

e então aconteceu. cedo demais para que ela pudesse prever sua chegada, o dia que ela mais temia chegou. ela não precisou que ele falasse para que ela soubesse – conhecia-o bem demais para que esse tipo de palavras fosse necessário. ele estava com outra. e ele estava feliz. a outra era uma moça bonita, simpática, do tipo que poderia ser amiga dela se elas algum dia tivessem se conhecido. ela não conseguia odiar a outra; afinal, a outra conseguia deixá-lo feliz, e, mais do que tudo, ela o queria feliz.

ela chorou quando soube. quis morrer. quis falar com ele, despejar sobre ele toda a raiva que estava sentindo, todo o rancor pelo amor tão forte, tão certo, que ele havia rejeitado. quis estapeá-lo por havê-la feito se apaixonar tão completamente, tão perdidamente, que mesmo anos depois de não serem nada mais do que ex-namorados ela não conseguia esquecê-lo, tampouco evitar as lágrimas por saber que ele já não a amava. queria gritar aos quatro ventos que já não mais se importava, que o odiava. mas não pôde.
amava-o demais para que lhe fosse possível odiá-lo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, consegui ser a personagem dessa história e sentir toda a sua dor. Me vi num futuro, sentindo o mesmo que ela.

Beijos